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armário
Sempre que estamos para ir a uma festa, qualquer evento ou até sair pra tomar um simples sorvete, abrimos o armário e a afirmação crucial: Não tenho roupa.
O coitado ta com os cabides até tortos, as peças morrendo de vontade de dar uma voltinha e você afirma que precisa de uma roupa.
Entre elas a conversa é uma só: Será que agora sou eu quem vai pra balada pergunta a assanhada amarela transparente, a outra invejosa desafia, que nada quem sai hoje sou eu, vejam estou apropriada para a ocasião tenho um ombro só, fico colada ao corpo e libero os movimentos, claro que só volto aqui no final da semana. A branquinha, tomara que caia, grita logo, quem sai sou eu, valorizo a minha dona e sou insinuante. Acha que vou ficar em casa? Num cantinho toda enrugadinha, falando baixo, avisa a pretinha, da licença que a noite promete e eu fui a escolhida.
A confusão formada, você decide que não quer nenhuma delas e avisa que vai providenciar uma nova. A choradeira é uma só. Todas querem sair do armário, só você pode decidir e as abandona.
. Se as peças que la estão fossem vivas e pudessem falar provavelmente reagiram com indignação aos seus comentários.
Pegue um por um dos cabides e veja quanto tempo você não a usa.
Esta doidinha pra dar uma volta, ver a vida la fora e continua abandonada. Você olha, olha e não vê graça exatamente aquela rendada vermelha, que na loja era linda, chamava atenção no meio das outras. Era tão bonita e perfeita que você acabou comprando. Afirmava que era a peça que faltava. Quando vestiu pela primeira vez se sentiu uma verdadeira princesa. Hoje a olha com total descaso.
Assim vamos fazendo com todas as peças. Estamos contaminadas. Queremos comprar e comprar cada vez mais.
O comercio necessita de pessoas como nos, consumidoras vorazes. Estamos nos prestando a compensações imediatas para resolução de problemas de ordem emocional, afetivo. Valorizamos pela aparência.
O que realmente deve contar para o ser humano é o conteúdo e não o frasco e fazemos o inverso.
Se aquela roupa não te serve ou esta guardada mais de 90 dias sem sair de casa faça um bazar, doe para uma instituição, faça alguém feliz mas não deixe a peça escondida no armário. Ela sofre.