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Tempo
Estou sempre precisando de mais tempo que o tempo pode me dar. Sinto que alguém esta, dia após dia, subtraindo as horas.
Quando criança ficava observando um relógio de madeira, pêndulo em metal, com os ponteiros dourados e os números em algarismos romanos, com vontade de entender porque ele andava tão lento. Agora, que não tenho mais o relógio por perto e ninguém tem tempo nem de olhar as horas, tenho saudade do tempo que não volta.
Quando somos criança os dias são longos e a noite custa chegar, crescemos o novo dia chega muito rápido, quando damos conta já é o dia seguinte. Com os meses acontece a mesma coisa, exceção só quando esperamos o tempo passar para chegar o salário. O dia de pagar uma prestação, mensalidade ou qualquer dívida chega rápido. Já o dia de receber demora muito. O mês de fevereiro, por exemplo, é curto. O agosto não termina nunca. Novembro nem percebemos e o dezembro então? Com as festas de fim de ano rapidinho chega o Carnaval.
Experimente marcar a data de uma cerimônia importante e verá que o tempo não te dá trégua. Entretanto, em algumas situações, nada agradáveis, o tempo não passa: Quando ficamos sem fazer nada ou presos. Os dias são longos e as noites intermináveis. Se bate uma febre o dia custa chegar para buscar recurso. Se a pessoa que amamos está pra chegar, o relógio não anda, o coração quase sai pela boca, final de gravidez parece que o tempo para. Velório então, da 1 as 4 da manhã o relógio não anda para quem vela, exceto para os familiares, só Jesus! Quando aguardamos a lista de resultados do vestibular ou do concurso o tempo é interminável. Apuração de eleição para candidatos é só agonia. Quando jovens não conseguimos visualizar a aposentadoria, muitos nem acreditam que conseguirão. Parece tão distante.
O que determina o tempo é a nossa ansiedade de tê-lo ou percebe-lo. Não há limite de tempo para sonhar, sem limite é também o tempo da felicidade. Nós escolhemos como administrar o nosso tempo. Ele pode estar contra ou a favor, depende das nossas escolhas e prioridades.
Na verdade há tempo pra tudo.
Se pudesse eu pararia o tempo para não perder as coisas boas. Como isso não é possível guardo-as na memória. E o relógio em romanos estará sempre na minha infância, bem lento.
Com a vida corrida, passo pelos relógios digitais e nem dá tempo de olhar as horas. Só uma pergunta não quer calar: Estamos correndo contra o tempo pra que? Onde pretendemos chegar? Vale a pena correr tanto contra o relógio? O pendulo continua com o mesmo vai e vem.